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Entrevista: Maus Hábitos elevam os índices de arritmias

  • mariaelisaalmeida
  • 1 de dez. de 2021
  • 3 min de leitura

Anualmente, o Brasil registra cerca de 300 mil casos de arritmias cardíacas , um tipo de alteração nos batimentos cardíacos que pode levar à morte. Maus hábitos, que são principalmente alimentados pela vida estressante e moderna, têm feito com que esses números aumentem e sejam uma preocupação para especialistas. Confira a seguir, uma entrevista com a doutora Olga Souza, presidente da Socerj (Sociedade de Cardiologia do Estado do Rio de Janeiro), sobre esse panorama.





1- Como podemos definir o que é arritmia? Quais são suas causas?

Arritmia é uma alteração do ritmo do coração, são distúrbios elétricos que podem se manifestar através do aumento da frequência cardíaca (taquicardia), redução da frequência cardíaca (bradicardia) e batimentos a mais (extrassístoles). Arritmia cardíaca é mais comum em pessoas com cardiopatias (doenças no músculo cardíaco, como coração dilatado ou hipertrofiado), com histórico de infarto do miocárdio e/ou doenças das válvulas do coração. Podem ocorrer também em pessoas com coração normal, que nascem com alterações apenas na parte elétrica do órgão. Fatores externos, como bebidas alcoólicas, cafeína em excesso, cigarro e uso de drogas ilícitas também podem causar arritmia.

* Os batimentos cardíacos normais variam de 60 a 100 por minuto. Em caso de taquicardica, eles ficam acima de 100 (por minuto); bradicardia, abaixo de 60 (por minuto).


2- É uma doença que vem crescendo na população mundial? E na população brasileira?

Algumas arritmias, como a fibrilação atrial, têm crescido muito nos últimos anos no Brasil e nos EUA. Esta arritmia causa sintomas de palpitação (sensação de batimentos irregulares) e coração acelerado. Pode acontecer em pacientes com coração normal, mas é frequente em pacientes com cardiopatias e com hipertensão arterial. Cerca de 60% dos pacientes com hipertensão arterial podem ter fibrilação atrial. Como as pessoas estão mais estressadas, com hábitos de vida não saudáveis (excesso de sal na alimentação, sedentarismo, tabagismo) aumentou o número de casos de hipertensão arterial e consequentemente de fibrilação atrial. O número de pessoas acometidas de infarto também tem aumentado e, portanto, mais arritmia.


3- Quem sente uma palpitação de vez em quando corre o risco de ter hipertensão? A partir de qual momento a pessoa deve se preocupar e procurar um médico?

Quem sente palpitação deve sim procurar um cardiologista ou arritmólogo (cardiologista especializado em arritmia) para investigar qual é arritmia e a causa. A hipertensão pode causar palpitação.


4- Como tratar a doença uma vez que já tem o diagnóstico fechado? Como prevenir?

Primeiro precisamos saber qual o tipo de arritmia, a sua origem no coração, se é supraventricular (nos átrios) ou ventricular (ventrículos), se tem alguma problema cardíaco, ou hipertensão. Após uma investigação médica com exames podemos definir se arritmia é benigna ou grave, se precisa ou não de tratamento. Tem arritmias que não precisamos tratar ao passo que outras são muito graves e podem causar morte súbita. Esta investigação e tratamento são feitos pelo cardiologista ou arritmólogo. A prevenção vai ser orientada após a consulta médica.


*Arritmias benignas são aquelas que não alteram o desempenho do coração, mas causam desconforto, já as malignas, além do incômodo, podem causar morte súbita

5- Há o risco de a arritmia torna-se uma epidemia? Por quê?

Algumas arritmias, como a fibrilação atrial, podem se tornar epidêmicas nos próximos anos, pois, como mencionei, alguns fatores podem ocasionar esta arritmia (bebidas alcoólicas, cafeína em excesso, energéticos, hipertensão arterial, diabetes mellitus, obesidade, infarto do miocárdio, cardiopatias ). A fibrilação atrial também é mais frequente em pacientes idosos (> 20% após 75 anos de idade). No entanto, o avanço da medicina e de todas as informações e recursos para termos hábitos saudáveis de vida têm aumentado a longevidade da nossa população.

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